segunda-feira, 27 de outubro de 2008

♥ Sou um velho livro de emoções



Sou um livro, livro velho de histórias
Que guardo sonhos como fossem memórias
Da vida, que é minha inspiração

Página a página
Deságuo mágoas e alegrias
Amores, sonhos e noites vazias

A cada linha que escrevo
Se uma lágrima cai em relevo
Maltrata a folha de solidão
Deixando no peito um pedaço de ilusão

Já vivi muito, já chorei demais
E como louco, pus-me a discorrer, sem ais
Nesse caderno sem pautas da minha emoção
Nesse grande livro de recordação
Eu despejo com fúria, todo engano e desilusão

Nas linhas que escorrem como sangue do papel
Abundam tristezas, falta o mel
Que abranda a dureza dessa vida de fel
Que amolece o coração suspirante ao céu
E imagino como seria da luta fiel
Viver sem sofrer tristemente ao léu

Não quero fazer aliança com a amargura
Não sei o que ocorre
Só consigo escrever tais páginas duras
Que mostram dores, esquecidos amores
Cruéis abandonos e almas escuras

Queria somente transparecer ramalhete de flores
Jardins com luar, casais a namorar
Mas no meu velho livro não vejo amar
E penso se um dia consigo mudar

De hoje em diante cada página triste
Jogarei com desplante no mais longe abismo
Quero paz, quero vida, quero comemorar
Cada passo, cada golpe que a vida nos dá

Transformarei dor em semente no livro a plantar
E árvores de sabedoria virão a enfeitar
Esse velho livro que cansado está
Pois sei que o que escrevo tem como ideal
Mesmo que pareça por demais surreal
Um amor que surgirá como presente final


(Ana Cristina)

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